Não tenho...Não posso

Reparei que o que mais ouço à minha volta, é não tenho dinheiro, isto não está fácil, temos que poupar... Todos os anos é a mesma coisa... E eu penso: "Caramba!" Das duas, uma: ou sou rica e não dei conta, ou vivo noutro mundo... No mundo em que para as pessoas importantes, arranja-se sempre qualquer coisa, nem que seja um postal, uma flor, sei lá.
Ora eu também, tenho que poupar, também quero juntar para comprar uma casa e respectivo recheio, também quero casar, (não para o ano, será essa a diferença? não me parece, pois há dois anos tive tal acontecimento dispendioso, mesmo coladinho ao Natal, e não foi isso que impediu de dar a tal lembrança...).
Acreditem, que este ano não foi fácil, quando o medo do desemprego, foi bem real, quando ganhei um tesouro, do melhor que se pode ter e constatar que não lhe posso dar o que eu queria. Percebi, no entanto, que ao dar-lhe pouco mas com o maior amor que sinto por ela é o que basta!
Fui ao fundo e voltei, e disse que este ano não ia ser diferente. Umas valentes dívidas depois e dois meses sem receber um tusto, consegui arranjar umas lembranças.
Se quisermos mesmo, conseguimos.
Nem que seja um pastel de nata! Aqueles, que nos dão e parece que nos deram a melhor coisa do mundo!Sabem porquê? Porque lembraram-se de nós! Mesmo aqueles que vão casar para o ano...
As lamentações alimentam-se de lamentações (eu sei bem disso). A força de vontade alimenta-se de força de vontade e é disso que precisamos para o dia-a-dia.
Se quisermos mesmo, conseguimos, repito.
Fico uns euros mais leve, mas com uma sensação óptima.
Fui educada, a não dar porque não te faz falta, mas sim dar do que tens. É esse o espírito.
Não interessa o valor material, mas sim o que representa. Saber que alguém pensou em ti, e tirou um pouco do dela para te dar. Se tinha duas flores, dou-te uma. Sem precisar de lamentar, dizer que é pouco, que não se tem dinheiro, porque se tem que poupar, por este e outro motivo (haverá sempre motivos para ter que se poupar, a não ser que se ganhe o euromilhões, e mesmo assim...).

Lembrança: s. f., acto ou efeito de lembrar;

É assim que eu faço. É assim que eu penso.